Jesus, nos Evangelhos, anunciava a Boa Nova, a chegada do Reino de Deus. Celebramos, dia 06 de janeiro, o dia de Reis.
Belchior ofereceu ouro, símbolo da riqueza. E qual a riqueza maior do que a sabedoria universal?
Baltazar ofereceu mirra, que era usada nos embalsamentos, da imortalidade e que simboliza, também, a pureza.
Gaspar ofereceu incenso, símbolo da fé.
Cada um de nós, quando nasce, recebe dos anjos de Deus os mesmos presentes.
O que fazemos com eles? Existe riqueza maior do que a vida? Viver com sabedoria exige, no entanto, humildade para ouvir a divina voz. Nada que acontece é por acaso. Crise é, sempre, oportunidade de crescimento.
O Espiritismo é a mirra a nos ensinar que somos espíritos eternos em busca do burilamento que remove os excessos e traz a pureza necessária. Por fim, a fé raciocinada, aquela que advém do estudo, da reflexão, da mediunidade, que permite o acesso aos diferentes mundos pelos quais transitamos.
Vida; Eternidade; e Fé.
Kardec nas obras básicas anuncia, em várias ocasiões, a transição de um Mundo de Expiação e Dor para um Mundo de Regeneração. Nos Centros Espíritas, espalhados em todo o mundo, se fala cada vez mais de uma nova escolha: a opção pelo Amor.
De fato, a história do Espiritismo, a história dos Cristãos, é assombrada pelo martírio. Para alcançar o Reino precisamos resgatar o nosso carma. Até bem pouco tempo, acreditávamos que o caminho da dor era o único possível. Só a chama ardente seria capaz de temperar a alma.
O que mudou? Nada mudou.
A chama ardente não precisa ser aquela que queima, que deforma. A chama do amor, de fato, arde mais forte, mas não deforma, informa, transforma o barro das imperfeições em estátuas de sublime beleza.
Por que sofrer a falta de filhos se tantas crianças aguardam por adoção?
Por que ter os braços amputados se podem ser usados para salvar vidas?
Por que ser condenado a solidão se creches e asilos necessitam de colaboradores?
Temer a Deus ou Amar a Deus? A opção pelo amor é doce. Almas bailarinas espalhando perfume em sua dança cósmica.
O Espiritismo é esse presente amoroso que nos faz compreender que, por enquanto, ainda precisamos vivenciar o nascer, morrer e o renascer, algo que só existe enquanto dor, por causa do esquecimento. É que ainda não aprendemos perdão. Precisamos, ainda, esquecer para poder perdoar o inimigo de ontem e transformá-lo no filho amado de hoje.
Os gregos falavam do rio Lethes (esquecimento), que toda alma atravessava no caminho de ida e vinda em direção ao mundo além desse mundo.
No mito de Er, Platão fala da reencarnação, e do esquecimento decorrente da reencarnação.
Aletéia significa verdade, aquilo que não pode ser esquecido (a de ausência; lethes de esquecimento). E o que não pode ser esquecido é que somos espíritos imortais em eterna aprendizagem. A lembrança de nossas muitas vidas vem junto com a nossa capacidade de perdoar a nós mesmos.
Cada pôr de sol, cada noite, cada dia, cada mês, cada ano, é chance de recomeçar, de crescer. A Física Quântica estabelece que morremos e renascemos trinta mil vezes a cada segundo.
Humberto de Campos, na mediunidade do nosso Chico Xavier, nos ensina que o maior tesouro que existe no Reino dos Céus, é o minuto que passa, pois é no minuto que passa que Saulo, o Rabino violento, se converte à luz; que Madalena, a cortesã, descobre o amor de Deus. É no minuto que passa que fazemos a transição, dentro de nós, do Mundo de Expiação e Dor, para o Mundo de Regeneração; da Opção pela Dor para a Opção pelo Amor.
Vivemos um ano muito diferente, um ano de medo, de reclusão, de isolamento. A COVID veio nos fazer refletir sobre tantas coisas.
Quantas lições nos foram oferecidas? O que aprendemos sobre medo e esperança, sobre a celebração da morte, e o valor dos heróis anônimos, na saúde e no setor de serviços?
Gratidão!
Olhem que texto lindo:
Devemos estabelecer pontes, derrubar muros. Vamos procurar todos aqueles que se afastaram de nós, não importa por que razão. É hora de compreender e não de julgar. Que o ódio pelo outro, por nós mesmos, possa ser substituído pela generosidade do entendimento e a compaixão pela nossa pequenez.
Em Desconte um Conto, da Marília de Dirceu, tem uma Escola. A melhor escola do mundo. Para matricular seu filho nessa escola os pais precisam aprender várias lições preciosas:
– “Já dissestes ao teu filho, hoje, que o amas?”. Não? Apague essa vela.
A sala cheia de velas que iluminam se torna cada vez mais escura.
Não percamos tempo. Cada dia é um presente, uma oportunidade de acender uma vela, de iluminar. Ame, ame, ame até arrebentar de tanto amor.
Não podemos “Adiar o Amor”.
Francisco Fialho para a SCEE
Referências:
KARDEC, Alan. Obras Básicas
CAMPOS, Humberto. Palavras do Infinito e Outros.
PLATÃO. Mito de Er, A República, Livro X de 614b a 621b
VASCONCELOS. Marilusa Moreira. Desconte um Conto. Editora Atlan