Geraldo Campetti
Quando estendemos o conceito de tolerância para além das interações interpessoais, percebemos sua relevância no cotidiano de nossas existências.
Devemos praticar a tolerância não apenas em relação aos pensamentos e palavras dos outros, mas também em relação aos sentimentos, vibrações e ações que permeiam nossas próprias vidas. Isso implica em reconhecer a diversidade de pensamentos e emoções que habitam nosso ser, sem julgamento ou autopunição. Devemos permitir que nossos sentimentos fluam livremente, sabendo que cada experiência é válida e pode nos ensinar algo importante. Além disso, ao sermos tolerantes em nossas ações, reconhecemos a singularidade de cada ser humano e buscamos agir com gentileza e empatia, mesmo diante das diferenças. Assim, a prática da tolerância se torna não apenas um “ideal a ser alcançado”, mas sim um “modo de vida” que nos permite viver em paz e harmonia conosco e com o mundo ao nosso redor.
Felizmente, ao longo da história, têm surgido diversas iniciativas e ações globais para combater o preconceito, discriminação e intolerância em várias esferas da sociedade. No campo religioso, organizações inter-religiosas têm trabalhado para promover o diálogo interconfessional e o respeito mútuo entre diferentes crenças. No âmbito científico, esforços estão sendo feitos para desmistificar estereótipos e preconceitos através de pesquisas e educação. Filosoficamente, correntes de pensamento humanistas têm enfatizado a importância da igualdade e da dignidade humana. No campo artístico e cultural, artistas usam sua arte como forma de promover a tolerância e a inclusão, desafiando narrativas dominantes e celebrando a diversidade. Além disso, iniciativas históricas, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, têm fornecido um quadro legal e ético-moral para o combate à intolerância em nível global. Essas ações coletivas são cruciais para construir um mundo mais justo e acolhedor para todos.
No entanto, apesar dos avanços significativos, ainda testemunhamos a persistência do preconceito, discriminação e intolerância em pleno século XXI. Casos de racismo, misoginia, homofobia e xenofobia continuam a serem registrados em diferentes partes do mundo, demonstrando que há uma necessidade urgente de intensificar os esforços para promover a conscientização e a educação em torno dessas questões. Além disso, o uso irresponsável das redes sociais tem amplificado discursos de ódio e intolerância, alimentando divisões e conflitos. Portanto, é fundamental que indivíduos, instituições e governos ajam de forma proativa para combater esses males, promovendo a inclusão, o respeito mútuo e a valorização da diversidade em todas as esferas da vida social.
Como nos ensina Bezerra de Menezes pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, na mensagem Divulgação Espírita (1969), publicada em Reformador (1977), “vivemos em um regime de interdependência total”, recordando-nos de que “sem comunicação não há caminho”. Assim, sejamos tolerantes, fraternos e solidários com tudo e todos, a fim de construirmos um mundo pacífico e pacificador que se inicia na mente e no coração de cada um de nós.