Todos os dias, recebemos inúmeras mensagens por meio das redes sociais e uma delas chamou-me a atenção: o texto da psicóloga Bibiana M. Dutra, de Florianópolis, que trata a respeito do tema “As crianças precisam de menos tabletes e mais instrumentos musicais”. Criei dois filhos num tempo em que esses modismos não faziam parte de nossas vidas; na minha infância, e na de muitos pais, sequer conhecíamos a tecnologia hoje tão em moda. Não havia internet, tablete, nem mesmo celulares. Aliás, telefone era um bem utilizado somente por adultos. Hoje, vemos bebês usando celulares e tabletes como se tivessem passado toda a gestação manuseando tal apetrecho na barriga da mãe. Os pais, e até mesmo os avós, não se atêm ao malefício do uso de celulares e tabletes por crianças com menos de cinco anos.
Se você tem 40 anos ou mais, deve lembrar-se de como eram as brincadeiras na infância: pega-pega, bola, bicicleta, pular corda, cabra-cega, bolinha de gude, subir em árvores. Televisão era algo para o final de semana e para toda a família. Claro que havia exceções, os pais que deixavam a criança dia e noite na frente do aparelho; essas não estudavam, não tinham qualquer responsabilidade. Porém, a maioria buscava um equilíbrio, tudo era dosado, tudo tinha sua hora.
Num dado momento, as coisas começaram a mudar e os pais passaram a deixar seus filhos com a babá eletrônica (televisão). A criança não corria, não se movimentava, não mais pensava, recebia tudo pronto. Tarefas de casa ou de escola? Nem pensar. O tempo foi passando, vieram os computadores e as crianças foram abandonadas a sua própria sorte na frente das telas. Só que agora era diferente, havia interação. A criança ficava ali, na frente do computador, muitas vezes o dia inteiro, muitas noites e madrugadas. Será que os pais sabiam o que ela estava fazendo, com quem estava falando?
O filho poderia estar falando com qualquer pessoa do mundo sem que você soubesse a índole, a educação e a intenção daquela pessoa, mas, na frente do computador, ele não incomodava. Ele poderia acessar qualquer canal, afinal, o computador aceita tudo. Com exceção de pais e mães atentos que davam horários e disponibilizavam apenas conteúdos para a idade dos filhos.
Cada vez mais a tecnologia vem se desenvolvendo e as crianças, até mesmo os bebês, utilizam hoje o celular e o tablete como se estes instrumentos fossem extensões de seus órgãos. E isto é fato, não é uma suposição, elas já estão ligadas a essa tecnologia desde bebês. Será que pensamos nas consequências? Muitos pais acabam não se dando conta do malefício que esses aparelhos podem fazer a seus filhos.
Fecham os olhos para o que crianças e bebês podem acessar num passe de mágica. É mais fácil entregar o seu celular na mão do seu bebê do que passar pela incômoda situação de vê-lo chorando. Precisamos refletir a respeito da educação de nossos filhos, dos hábitos que inserimos ou que permitimos que sejam inseridos.
Será que estamos incutindo bons hábitos em nossos filhos ou o que vier está valendo? E, pensando nessas possibilidades, lembrando-nos de nossa infância, pedimos aos pais para que estejam atentos antes que seja tarde demais.
MAIS MÚSICAS, MAIS LIVROS PARA NOSSOS FILHOS
A psicóloga Bibiana M. Dutra tem toda razão: por que não trocarmos os tabletes por instrumentos musicais? Ou por livros, animais de estimação, uma plantinha que a criança cuide? Vamos pensar um pouco: as crianças adoram animais e, certamente, a maioria gostaria de plantar uma sementinha e vê-la crescer. Como pais espíritas cristãos, precisamos trazer o hábito dos livros desde pequenos. Os livros espíritas infantis são ricos em mensagens e histórias maravilhosas, que encantam as crianças. Dessa maneira, já estaríamos incentivando o gosto pela leitura. Hoje, há livros interativos direcionados para bebês, com texturas variadas ou que você abre e uma verdadeira cidade é montada na sua frente. A diversidade é maior do que podemos imaginar. São livros encantadores confeccionados para o público infantil.
Como nós, pais, podemos querer que nosso filho tenha gosto pela leitura, pelo estudo, se não o incentivamos desde cedo? Mas os bebês já estão craques nos tabletes, isto é fato. Além do gosto pelos livros, por que não incentivarmos nossos filhos, desde bebês, ao gosto pela música?
Até mesmo quando ainda estão na barriga da mãe, já que sabemos que o som externo é percebido pelos bebês. Músicas suaves, como as da cantora/compositora Enya, ou músicas clássicas, para acostumar os ouvidinhos com belos sons. Ao invés de darmos um celular para acalmar o bebê, por que não lhe incentivar o gosto por instrumentos e músicas? A música contribui para o desenvolvimento psicomotor, socioafetivo, cognitivo e linguístico, além de ser facilitadora do processo de aprendizagem.
O biomédico e músico Luiz Carlos Leonardo Mendonça diz que a música é um processo de construção do conhecimento, favorecendo o desenvolvimento de sensibilidade, criatividade, senso rítmico, prazer de ouvir música, imaginação, memória, concentração, atenção, respeito ao próximo, socialização e afetividade, contribuindo, também, para uma efetiva consciência corporal e de movimentação. Ele acrescenta, ainda, que, cantando ou dançando, a música de boa qualidade proporciona diversos benefícios para as crianças e é uma grande aliada no seu desenvolvimento saudável.
A educadora Ana Lúcia Scagnolato de Almeida Leme fala da importância da música no desenvolvimento Infantil e, de acordo com ela, a música não substitui o restante da educação, mas tem como função atingir o ser humano em sua totalidade. Ana acrescenta, ainda, que a utilização da música e de outros meios artísticos pode incentivar a participação, cooperação, socialização e, assim, destruir as barreiras que atrasam o desenvolvimento curricular do ensino.
Temos que concordar que a utilização da música e dos livros infantis, bem como a mudança de hábitos comprometedores e viciosos por hábitos salutares são de suma importância para as crianças e suas famílias. E, pensando nesse ponto, abordaremos o tema Educação, com foco na Doutrina Espírita e na missão dos pais para com os filhos.
A MISSÃO DOS PAIS ESPÍRITAS CRISTÃOS NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS
Como espíritas, precisamos atentar-nos para o fato de que, sendo pais, temos responsabilidade pelos espíritos que nos chegam como filhos por meio da reencarnação. Não podemos alegar ignorância e ir “na onda” do modismo só porque todo mundo o faz. Kardec estabelece que educar é promover mudanças de hábitos, transformando moralmente o ser. E que hábitos estamos transformando ou melhorando se fechamos nossos olhos à educação de nossos filhos? Na questão 132 de “O Livro dos Espíritos” (LE), Kardec questiona acerca do objetivo da encarnação e os Espíritos respondem que Deus nos impõe a encarnação com o fim de fazer-nos chegar à perfeição. E como esses espíritos, filhos de Deus, entregues em nossas mãos, poderão evoluir sem que os pais dediquem tempo para educá-los, orientá-los e amá-los?
Como uma criança, um bebê, como temos visto, pega um celular, um tablete das mãos da mãe, do pai, do avô, da avó, que simplesmente diz: “assim ele não chora, veja como ele mexe no celular com a habilidade de um adulto, olhem, parou de chorar”! Nós é que estamos sendo infantis agindo dessa forma e fazendo tudo o que a criança ou o bebê quer simplesmente porque assim ele fica quieto, para de chorar e não nos incomoda.
O expositor espírita Gerson Luiz Tavares ressalta em seu livro “Temas de Amor e Vida”, no capítulo em que discorre sobre a paternidade, a maternidade e o amor, a importância de dizer NÃO. “Dizer NÃO com fundamento, exigir comportamento com firmeza, não ser conivente, saber ponderar. Impor regras com ternura é o exercício alvissareiro do amor de pai e de mãe e mostra-nos a grande importância de darmos o exemplo”.
E ilustra-nos uma situação ocorrida com um pai, em uma padaria, com seu filho, quando este insiste que o pai lhe compre um doce. O pai alega que o menino já havia comido um chocolate pela manhã. Diante desta resposta, a criança argumenta ao pai: “E cigarro não é demais, não é?” Esta situação mostra-nos que o importante não é termos as respostas para os nossos filhos, mas, acima de tudo, sermos exemplos para eles. Sim, porque não basta apenas falarmos, temos que dar exemplos.
Vemos, todos os dias, pessoas utilizando celulares no trânsito. Esses dias, vi um jovem utilizando o aparelho em uma bicicleta em movimento, em alta velocidade. Pode parecer estranho dizer que uma bicicleta estava em alta velocidade, mas, para uma bicicleta, estava. Como alguém poderia cuidar de sua segurança e digitar ao mesmo tempo, se uma mão segurava o guidom e os olhos e a mente estavam totalmente focados na tela do celular? Há pessoas que estão com o celular 24 horas, não deixam o aparelho nem para comer, para dormir ou mesmo para tomar banho. O celular ou tablete virou um vício dos tempos modernos. E nossas crianças estão sendo bombardeadas com esse vício.
Na questão de número 208 de “O Livro dos Espíritos”, Kardec questiona se os espíritos dos pais exercem influência sobre os filhos depois que estes nascem e os Espíritos são bem claros ao dizer que, sim, exercem grande influência sobre eles. Dizem, ainda, que os espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros e reforçam a resposta afirmando que é missão dos pais desenvolver os espíritos de seus filhos pelo caminho da Educação. Na verdade, é uma tarefa e uma missão dos pais educar seus filhos e, se isso não ocorrer, serão culpados por tal insucesso.
O mesmo não se dá se os pais fazem tudo o que é necessário para educar os filhos. Mas o que seria educação? O que seria educar os filhos? Seria, como pai, como mãe, matricular os filhos numa escola, ou colocar numa creche, e dar tudo o que precisam, como cadernos, livros, brinquedos didáticos e, assim, estar quite com o papel de pai ou mãe? Basta isso? Não. Sabemos que não. Não podemos confundir EDUCAÇÃO com INSTRUÇÃO. A educação vem de casa e a instrução, da escola. Educar é muito mais do que isso, é muito mais amplo. A palavra educação vem do latim educare, que significa extrair, tirar de dentro, trazer para fora. Nós pensamos que para educar basta colocar conhecimento, instrução.
Não, para educar precisamos tirar o que temos de ruim, os nossos hábitos adquiridos, as tendências negativas, destas e de outras existências, os nossos maus hábitos e, então, adquirir novos hábitos, salutares. É por isso que se diz no meio espírita que educação é o conjunto de hábitos adquiridos e, para que possamos desenvolver bons hábitos, precisamos deixar os nocivos para trás. E, da mesma forma, Kardec já dizia que o verdadeiro espírita é aquele que se esforça para vencer as más tendências. Como vamos educar os nossos filhos se nem mesmo nos esforçamos para dominar os maus hábitos que ainda trazemos?
Educar é ensinar com exemplos. O exemplo ainda é o melhor método de ensino. E, quando falamos de exemplos, falamos daqueles mais simples. Em nosso dia a dia damos aos filhos exemplos de honestidade ou de “se dar bem”. Você vai com o filho ao mercado, a funcionária lhe dá o troco errado, a mais. O que você faz? Devolve ou “dá uma de esperto” e coloca no bolso? O telefone toca, você está debaixo das cobertas, com o controle da televisão na mão, e diz para seu filho: atende, filho, e fala que o papai não está.
Jesus já dizia: quem é no pouco é no muito. Na questão 209 de “O Livro dos Espíritos”, Kardec questiona o contrário do que aqui abordamos. “Por que é que de pais bons e virtuosos nascem filhos de natureza perversa? Por outra: por que é que as boas qualidades dos pais nem sempre atraem, por simpatia, um bom Espírito para lhes animar o filho?” E os Espíritos Superiores respondem: “Não é raro que um mau Espírito peça lhes sejam dados bons pais, na esperança de que seus conselhos o encaminhem por melhor senda e muitas vezes Deus lhe concede o que deseja.” Sabe-se que há pais e mães dedicadíssimos, exemplares, e que, embora se empenhem para a educação e o progresso moral dos filhos, estes serão revoltados, raivosos ou endurecidos.
Não via de regra, mas, muitas vezes, esses espíritos pediram a chance de reencarnar entre pais virtuosos e, mesmo assim, não conseguem vencer as suas más tendências. Nesse caso, os pais não terão responsabilidade pelo insucesso do filho, haja vista que fizeram todo o possível. Na questão 216 de LE, o Codificador questiona se o Espírito em nova existência conservará traços do caráter moral de suas existências anteriores, ao que os Espíritos respondem: “Isso pode dar-se.
Mas, melhorando-se, ele muda. (…) se bem que modificadas pelos hábitos da posição que ocupe, até que um aperfeiçoamento notável lhe haja mudado completamente o caráter (…)” Ou seja, mesmo que o Espírito traga maus hábitos anteriores, com empenho, disciplina e cultivo de novos hábitos poderá conseguir êxito em transformar-se e melhorar-se. A questão 361 de LE reforça a questão anterior. Qual a origem das qualidades morais, boas ou más, do homem?
Os Espíritos Superiores respondem: “São as do Espírito nele encarnado. Quanto mais puro é esse espírito, tanto mais propenso ao bem é o homem. Mas será que pode a criança ser mais evoluída que o adulto? É mais ou menos assim a questão 379 de LE, direcionada aos Espíritos. É tão desenvolvido, quanto o de um adulto, o Espírito que anima o corpo de uma criança? “Pode até ser mais, se mais progrediu. Apenas a imperfeição dos órgãos infantis o impede de se manifestar. Obra de conformidade com o instrumento de que dispõe.” É importante estarmos atentos a isso. Somos Espíritos milenares e, não raro, o Espírito de uma criança pode ser mais evoluído do que o de um adulto.
Não podemos nos deixar levar por estas ou aquelas pessoas que olham para o nosso filho e dizem que ele é um espírito especial, um espírito evoluído. Tenhamos cuidado. Evoluído em qual sentido? Em que patamar? Será mesmo? E agora não poderei dizer “não” ao meu filho? Pelo contrário. Não importa se o seu filho é um espírito “especial”, a sua missão, como pai ou mãe, continua sendo educá-lo. Mostrar o caminho, dizer “não” quando necessário, com carinho e brandura, mas educar sempre. Por outro lado, a evolução é constante, sabe-se que a evolução tem duas “asas”: “a asa do conhecimento e a asa do amor”. Precisamos desenvolver ambas em todas suas potencialidades.
Mesmo que seja verdade, que seu filho seja um espírito “especial”, “desenvolvido”, “de luz”, especiais todos somos, todos somos filhos de Deus, e isso não significa que iremos tratá-lo diferente. Um espírito pode ser desenvolvido no campo da ciência, mas não no da matemática; ser um ótimo desenhista, mas não saber escrever um poema. A asa do conhecimento é vastíssima, assim como a outra asa, a do amor. Não é tão fácil chegarmos nesse desenvolvimento porque, quando falamos de amor, não falamos do amor da Terra, do amor de um homem e uma mulher.
Falamos do amor universal, o amor desinteressado, o amor incondicional. Nem mesmo o maior amor do planeta, o amor materno, pode ser comparado ao amor incondicional dos seres espirituais, dos Espíritos Superiores. Um amor que somente os “anjos” e espíritos evoluídos podem sentir e viver. Portanto, não sejamos orgulhosos achando que nossos filhos são “evoluídos” ou “espíritos de luz”, mas claro que podemos ter filhos maravilhosos, educados, estudiosos e responsáveis. Seguem as questões que tratam da infância, vamos analisá-las. Na questão 383, de LE, Kardec pergunta: “Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pela infância?”
Os Espíritos respondem: “Encarnando com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo”. Outra questão, a de número 385, assim diz: “Que é o que motiva a mudança que se opera no caráter do indivíduo em certa idade, especialmente ao sair da adolescência? É que o Espírito se modifica? É que o Espírito retoma a natureza que lhe é própria e se mostra qual era. (…)” E, no penúltimo parágrafo desta mesma questão, os Espíritos reforçam dizendo: “A infância ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem.
A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impõe aos pais, missão sagrada de que terão que dar contas. Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.” Sabe-se que, até os sete anos, na fase da primeira infância, as crianças estão mais maleáveis às sugestões, sendo, portanto, o período mais fácil para que os pais eduquem os seus filhos.
Como espíritas, não podemos esquecer que somos Espíritos milenares e trazemos maus hábitos que precisamos superar. O que dizer de nossos filhos? Precisamos estar atentos para suas tendências, para suas aptidões e ajudá-los a evoluir, não o contrário. Afinal, estamos na Terra para este fim. A evolução é uma constante e o papel dos pais é de suma importância para que ela possa dar-se desde a infância. Na questão 582, de LE, Kardec pergunta: “Pode-se considerar como missão a paternidade?” E a resposta: “É, sem contestação possível, uma verdadeira missão.
É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais do que o pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil e delicada, que o torna próprio a todas as impressões. Muitos há, no entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho.
Se este vier a sucumbir por culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do bem.”Raul Teixeira (Camilo) no livro Educação & Vivências, capítulo 18, em que trata da Educação das Inclinações diz: “Educa os teus sentimentos, agora, quando te achas a caminho do próprio enobrecimento espiritual”. (…) “Educa as tuas energias, através das espontâneas e necessárias disciplinas, de modo a conquistares paz e alegria, saúde e harmonia para o teu amanhã, que começa desde hoje.”
Se nós ainda não nos educamos, como podemos educar nossos filhos? Podemos dar o que não temos? Raul, no livro Cintilação das Estrelas, no capítulo que fala a respeito da Educação Cristã, assim se reporta aos pais: “Falar do bem e da virtude, trabalhar no bem e na verdade, ouvir pelo bem e pela compreensão, viver no bem, dele nutrindo as almas, depondo tudo o mais nas Mãos do Criador, eis a palavra de ordem”. Neste mesmo capítulo, Raul fala-nos da responsabilidade dos pais perante a educação do Espírito que lhes foi entregue por empréstimo.
Ele ressalta expressões lançadas por pais e mães que abrem mão da educação cristã alegando esta ou aquela “desculpa”. Raul cita algumas delas: “… é muito pequeno; ainda não me compreenderá!”, “quando crescer, então, dar-me-ei ao trabalho de educá-lo!”, “Quero dar liberdade aos meus filhos. Se não desejarem a diretriz religiosa, esperarei que cresçam, a fim de escolhê-la, ou não”, ou, ainda, “Não podemos impor aos nossos filhos, o que temos por nossa fé, deixamo-los livres.”
Não percebem estes pais que, agindo dessa forma, estão sendo negligentes com os Espíritos que lhe foram confiados por Deus. Afinal, como diz Khalil Gibran: “Nossos filhos não são nossos filhos, são filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.” Este foi um falar poético do autor, mas que se reporta ao que sabemos como Espíritas, que nossos filhos são, na verdade, filhos de Deus confiados a nós para que possamos educá-los, e o dia em que Deus os pedir de volta, nos questionará: “O que fizestes do Meu Filho que eu te confiei?”
Artigo escrito a pedido do Dpto. da Criança e Juventude da Sociedade Catarinense de Estudos Espíritas por: Ismênia Nunes/Jornalista DRT 0005943/SC [email protected]