Queria matar o Chico..,
Dezessete de agosto de 1985
São aproximadamente duas horas da manhã e a fila de pessoas parece interminável.
Um senhor passa pelo Chico, fala algumas palavras aos seus ouvidos, depois sai dizendo:
– Perdoe-me, Chico. Perdoe-me… Perdoe-me… Perdoe-me…
Mais algumas pessoas passam, não resisto à curiosidade e pergunto:
– Por que aquele homem lhe pedia perdão tantas vezes?
O Chico diminuiu o tom de voz e segredou-me:
– Ele disse que veio para me matar, mas não teve coragem. Trazia um revólver por dentro da blusa.
O susto e a surpresa foram tão grandes para mim que mal pude lhe perguntar:
– E o que você disse a ele?
– Seja feita a vontade de Deus.
E continuou atendendo a multidão como se nada tivesse acontecido.
Livro: Chico, de Francisco
Adelino da Silveira