Cris Comparini Basbaum
Olho por olho, dente por dente e logo seremos um lugar só de cegos e banguelas.
A vingança provem da vontade de ferir quem nos machucou, mas acaba por nos enredar na própria armadilha. Ao nos sentirmos atingidos por algo (intencional ou não), se nos deixarmos levar pelo instinto, o reflexo é o revide, provocar no outro “a mesma dor”.
Mas nunca será a mesma, o que foi feito não se recupera e, via de regra, no calor da má emoção, podemos causar dor maior.
Se a outra parte, reagir da mesma forma, isso será um nunca se acabar e uma imensa falta de paz com mais dor e um coração cada vez mais árido.
Isso sem falarmos na egrégora, feita de pensamentos viscosos, densos, da pior espécie.
Joanna de Angelis nos instrui sobre a ação maléfica da vingança sobre nosso corpo.
“Presença do rancor nos sentimentos asselvajados, programa o desforço e aguarda o momento para desferir o golpe certeiro. (…) A sede de vingança é lamentável conduta espiritual que termina por afligir aquele que a vitaliza interiormente (…).”
Mas todo aquele que se vinga, é doente e frágil. De corpo e alma.
É preciso coragem para romper esse círculo vicioso.
De acordo com o pesquisador comportamental Ricardo Menezi, o desejo de vingança estimula a produção de hormônios cortisol, adrenalina e noradrenalina, os quais possuem relação direta com o estresse e a ansiedade.
A vontade de se vingar também gera vários outros males mais complexos, como transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e fobia social. O desejo de vingança afasta o vingador do convívio social, hipnotizado pela monoideia, enfim, o que teremos serão “efeitos colaterais” extremamente danosos para a saúde física e mental, pois se pretendemos encontrar prazer na vingança, encontraremos também muita dor, culpa e vazio.
Ao observar a sua história, o indivíduo vingativo verá que não construiu nada além de uma vida dependente e vinculada a um fato que não tem mais volta.
“A vingança é atraso moral do Espírito, que permanece em primarismo; o perdão exalça o indivíduo. A primeira leva-o a futuros conflitos e ata aquele que a cultiva a quem detesta; o segundo liberta do agressor e lenifica os sentimentos que restauram a alegria de viver.”
Não podemos mais nos defender de atitudes erradas, alegando ignorância.
O nosso maior juiz é a nossa própria consciência e nossa consciência, nada mais é, do que os princípios divinos plantados em nós, e que vêm à luz, à medida que nosso entendimento se amplia.
Paz e Bem!
Fontes
• Papo de Segunda (2⁰ bloco), 14/11/22, com debate baseado nos livros “Pequenas Vinganças , de Edney Silvestre e “Abril Despedaçado”, de Ismael Kadare, virou filme homônimo, sobre vingança, com Rodrigo Santoro.
• página eletrônica Dicas de Mulher : “4 razões para fugir do sentimento de vingança ” (05.jul.2022);
• página eletrônica Estar Saúde Mental (17.out.2017)
• página eletrônica Rev. Claudia (ago 2012): “7 motivos para você nem sequer pensar em vingança “;
• Joanna de Angelis : série psicológica, livro 11 e Vida Feliz (psicografia de Divaldo Franco).