De acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, aproximadamente 10 milhões de brasileiros são surdos. O número corresponde a 5% da população no Brasil.
Toda semana, às segundas e quartas-feiras à noite, Aline Iolanda de Souza tem compromisso marcado na agenda. Ela é a intérprete de Libras, responsável pela comunicação da SCEE com a comunidade surda, por meio da Língua Brasileira de Sinais. Às segundas-feiras, 19h45, Aline transmite a Meditação e às quartas-feiras, o espaço é reservado para as palestras da casa, que sempre acontecem às 20h.

Graduada em Letras Libras pela Universidade Federal de Santa Catarina, Aline começou a aprender Libras quando criança. Ela conta que tinha uma vizinha surda e que conversava muito com ela. Quando foi para a escola, aos cinco anos de idade, fez amizade com crianças surdas. Aos 10 anos, Aline mudou-se do Rio Grande do Sul para Santa Catarina e teve contato com outros surdos e com a Associação de Surdos de Curitibanos (APADAC), onde começou a fazer cursos de Libras.
“Minha vida inteira foi dentro da comunidade surda e já são 10 anos de trabalho com interpretação e tradução”.

Em maio de 2020, Aline foi convidada pela SCEE para colaborar como intérprete no 1º Simpósio Virtual – SCEE e o Espiritismo envolvendo o mundo com amor. “Fiquei encantada com a proposta de um simpósio virtual com interpretação, o trabalho foi bem desenvolvido e me impressionei com a organização da Casa. Decidi então que iria continuar o trabalho voluntário com a interpretação”. Mesmo participando da Doutrina Espírita há vários anos, a iniciativa foi um grande desafio, pois Aline nunca havia interpretado no contexto espírita. “Estar em contato com a interpretação das palestras e eventos é inestimável, é um orgulho que enche os olhos de lágrimas e transborda felicidade no meu coração”, diz Aline, já se preparando para reiniciar os estudos espíritas no próximo.

A acessibilidade dos surdos à Casa Espírita faz parte de uma série de iniciativas da SCEE que busca aumentar a sua conexão com a comunidade e expandir a Doutrina Espírita. O projeto “Corações que Falam” foi criado exatamente para atender à demanda de inclusão social. Luciano Pudell Wagner ressalta a importância de colocar em prática uma ação que busca a interação da casa com o público que tem dificuldade de ouvir e falar. “Assim, nós podemos levar essa maravilhosa Doutrina Espírita e acolher todos os irmãos”. Luciano sinaliza que novos projetos e estratégias inclusivas estão na incubadora e que em breve serão executados pela SCEE.

Aos 32 anos de idade, João Paulo Ampessam, residente em São José, conta que tem o hábito de assistir lives espíritas em Libras no Instagram. “Não acompanho mais conteúdo porque não há intérpretes ou materiais em Libras”, lamenta João Paulo. E sobre a iniciativa da SCEE em ampliar a rede de abrangência em Libras? João finaliza:
“Claro que é importante, como nós vivemos sem a luz do Espiritismo”?